A instalação da Universidade Federal do Pampa na cidade de Jaguarão, a partir de 2006, teve um impacto significativo no aumento das atividades de pesquisa relacionadas à documentação do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão (IHGJ). Este instituto, que desde 1966 preserva as fontes documentais históricas do município, abrange uma vasta gama de documentos oficiais, incluindo atas da Câmara e da antiga Intendência, bem como periódicos que circulavam na cidade desde meados do século XIX, além de outros materiais como fotografias, cartas, revistas e mapas. Esses documentos, muitos dos quais com mais de um século de existência, sofreram um processo acelerado de deterioração, uma vez que o IHGJ carecia de recursos financeiros para implementar medidas adequadas de preservação de seu acervo. Nesse contexto, surgiu a necessidade de criar um projeto de extensão universitária que permitisse o acesso aos documentos do IHGJ sem comprometer sua integridade física. A digitalização foi escolhida como um recurso contemporâneo de preservação documental, amplamente utilizada em diversas instituições de pesquisa no Brasil e no exterior.
O projeto de digitalização contemplava os seguintes passos:
a) Catalogação do acervo do IHGJ;
b) Aquisição de um scanner de digitalização de documentos de grandes formatos, denominado de scanner planetário;
c) Disponibilização do acervo digitalizado.
A catalogação do acervo do IHGJ foi realizada entre 2012 e 2014, abrangendo parte das Atas da Câmara de Vereadores de Jaguarão entre 1845 e 1889, totalizando aproximadamente 1600 atas. Paralelamente a esse processo, foi transcrito e publicado o livro “Atas da Câmara de Vereadores de Jaguarão (1845-1889)”, sendo distribuído nas escolas do município. Em 2015, a Universidade Federal do Pampa adquiriu um scanner, de fabricação alemã, modelo Zeutschel OS12000, possibilitando a digitalização de documentos de grandes formatos, até o tamanho A0, de 1189 mm de altura e 841 mm de largura, compreendendo uma área total de 1 m2. Esse scanner foi instalado na biblioteca do campus Jaguarão e, entre 2015 e 2018, foram digitalizadas Atas da Câmara de Vereadores de Jaguarão e periódicos datados desde 1855, resultando em 1946 exemplares digitalizados.
Em 2019, o projeto de extensão foi transformado em um programa, passando a receber projetos de extensão relacionados à digitalização de acervos, o que gerou uma demanda interna significativa e a necessidade de um novo aporte de recursos e pessoal. Nesse contexto, foi criado no mesmo ano um grupo de pesquisa no CNPq denominado “Digitalização de Acervos Históricos: desenvolvimento de processos para tratamento e processamento de imagens provenientes de arquivo digital”, com o objetivo de implementar a difusão do arquivo digitalizado em um site de domínio da Universidade Federal do Pampa. Culminando, em 2021, com a criação de um repositório digital, utilizando o software Tainacan para a difusão do acervo.
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